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Visitar a Domus Aurea, a Casa Dourada do Imperador Nero, agora com óculos 3D

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Atualização: assim como já acontece em outros monumentos romanos de época imperial, como o maravilhoso espetáculo do Fórum de Augusto e de César, do Altar da Paz de Augusto e das casas romanas no subterrâneo (mais ou menos) da Piazza Venezia, a partir de 04/02/2016 é possível fazer um passeio espetacular com reconstrução de toda a Domus Aurea em 3D. Dada a minha experiência com visitas desse tipo, aconselho a ida porque valem muito a pena.

Como é a reconstrução em 3D?

Com áudio-guia e óculos futuristas que projetam imagens nas paredes, explicando didaticamente como era a casa. E vários ambientes são reconstruídos em 3D, tanto com uma projeção, quanto com fios de raio laser que desenham alguns ambientes que não existem mais.

Quem era Nero?

Nero passou à história como o imperador que incendiou Roma e que matou a própria mãe, Agrippina. Apesar dos seus feitos e desfeitos, a verdade é que ele possuía uma das residências imperiais mais suntuosas e monumentais de toda a história do império.

Roma é uma cidade de ruínas, e até para fazer um simples buraco na rede de água e esgoto, é necessária a presença de um arqueólogo. E uma das inúmeras ruínas fantásticas que podemos visitar é a Domus Aurea, a Casa Dourada do Imperador Nero Cláudio César Augusto Germânico, cujo nome de batismo, na verdade, era Lúcio Domício Enobarbo.

Escultura de Nero, nos Museus Capitolinos

Nerone, como o chamam em italiano, viveu pouco: suicidou-se aos 30 anos (no ano 68 d.C.), após 14 anos de império. Sim, Nero subiu ao poder ainda adolescente, por isso os primeiros anos governou junto com a mãe, Agrippina. Nos seus poucos anos de vida, teve tempo de casar três vezes!

Como todos os imperadores, construiu a sua residência (hoje denominada Domus Transitoria) no Palatino, uma das sete colinas sobre as quais Roma foi fundada, e seus domínios se estendiam até chegar ao Esquilino (hoje o bairro onde se localiza a estação Termini). Mas Nero queria ainda mais espaço, mais riqueza, mais suntuosidade. É possível ver afrescos e decorações da primeira casa ao visitar o Museu Palatino, dentro da área arqueológica do Fórum Romano e Palatino.

Leia também: Museu Palatino: conhecer Roma desde a pré-história

Assim, nasceu a Domus Aurea, um “anexo” suntuosíssimo da antiga residência. A nova residência ficava no Colle Opio. Para vocês terem uma ideia, o Colle Opio é aquele “morrinho” que fica em cima da parada do metrô Colosseo, bem de frente para o Coliseu.

Leia também: 10 programas super interessantes perto do Coliseu

Aproveitando-se do grande incêndio de 64 d.C. (do qual foi acusado) e da destruição de inúmeros prédios, Nero pode então derrubar tudo o que havia sido queimado e, finalmente ter espaço para construir a sua casa.

Afrescos com inspiração egípcia. Em alguns figuras identificamos o deus Anúbis. Os romanos “piraram” pelo Egito, principalmente depois do período em que Cleopátra “juntou os trapinhos” com Júlio César e morou em Roma.

As paredes eram cobertas de mármore precioso, vindo de várias áreas que tinham sido conquistadas pelo império romano. Havia mármore egípcio, grego, turco, etc.

O teto da casa era decorado com pedras preciosas e ouro, por isso era chamada de Domus Aurea, a Casa Dourada.

Visitar ruínas requer ajuda da nossa imaginação e, claro, um bom guia, em muitos casos. Imaginem esse teto, hoje meio amarelado, todo coberto de ouro. Eram usadas finíssimas folahs de ouro para decorar o teto da casa.

Há alguns andaimes, que por vezes atrapalham um pouco a visão, mas aqui mais um pedaço do teto, outrora dourado, e ali no fundo também vemos um pedaço de teto com afrescos.

No terreno que a circundava havia plantações de oliveiras, bosques e até mesmo rebanhos de animais. Além, claro, de ricas ornamentações como piscinas, lagos e fontes. A extensão da propriedade chegava a cerca de 80 hectares.

O cancelamento da memória e o soterramento da Domus Aurea

Com a morte de Nero, os imperadores que o sucederam fizeram de tudo para cancelar a sua memória (Damnatio Memoriae). Tito e Trajano construíram termas no local e mandaram literalmente enterrar a Domus Aurea.

Foi justamente esse aterro de metros e metros de entulho e terra que a “conservou” até os dias de hoje. Durante o Renascimento, a casa foi redescoberta por acaso, e os seus afrescos e pinturas inspiraram muitos artistas da época que entravam no local “clandestinamente” fazendo buracos na parede e descendo usando cordas. Entre eles o Pinturicchio (que inclusive deixou a sua assinatura em uma das paredes da casa), Michelangelo e Rafael Sanzio.

A sala octogonal e a cúpula que inpirou o Pantheon

Mais para o final da visita, somos conduzidos até a enorme sala octogonal, na qual não restou nenhuma decoração. Além do estupor pela enormidade da estrutura, temos uma surpresa histórica…

Saber que essa sala, e que, sobretudo, a cúpula aberta inspirou a cúpula aberta do Pantheon.

Baseado nos restos de pinturas e afrescos, além dos mármores, e do estudo da moda, dos costumes e das cores da época, essa seria uma reconstrução da sala octógona

A Domus Aurea nos dias de hoje

O que podemos visitar hoje é somente uma pequena parte das escavações arqueológicas.

Parades altíssimas cobertas com afrescos e cores que lembram as das casas de Pompeia e de Ostia Antiga

Se a memória não me falha, visitei a Domus Aurea pela primeira vez em 2002, em uma das últimas vezes que ela esteve aberta permanentemente ao público. Por ter sido soterrada, o monumento (ou o que sobrou dele) é muito “delicado” e passa constantemente por restaurações a causa da umidade.

Após praticamente uma década fechada, a partir de 2016 a Domus Aurea tem feito pequenas aberturas para o público. As visitas se dão somente nos fins de semana, porque de segunda a sexta os arqueólogos trabalham para a sua conservação. São os próprios arqueólogos que trabalham ali a nos guiar pela descoberta da Casa Dourada de Nero.

Esse, sim, é um pé direito alto!

Para mim foi fantástico relembrar a visita feita anos atrás e, claro, cruzar os dedinhos para que o enorme trabalho de restauração continue. Há uma necessidade enorme de fundos públicos (assunto espinhoso!) para terminar a obra.

Visitar a Domus Aurea: informações práticas

Dias e horários: sábados e domingos das 9:15 às 15:45

Como: visita guiada de 75 minutos. A maior disponibilidade de passeios é sucessivamente em italiano, inglês, espanhol e francês.
Grupos de no máximo vinte e cinco pessoas.

Preço: 16 euros com direito a áudio-guia (nas línguas descritas acima) e óculos 3D.

Onde reservar: no site da Coopculture, a empresa que também vende entradas para o Coliseu. Site | http://www.coopculture.it/

Clique aqui para ir diretamente para a página de reservas.

Onde fica: Via della Domus Aurea 1, a poucos metrôs do Coliseu.

A rua fica meio encondida, mas, você sai de lá e dá de cara com o Coliseu. Sem erro!

Subindo a ladeira de frente para o Coliseu, após uns 100 metros (talvez menos!) você vai achar esse portão à esquerda. A Domus Aurea fica aqui dentro.

Luciana Rodrigues
Guia brasileira em Roma e Vaticano. Moradora de Roma há mais de 21 anos. Idealizadora e produtora de conteúdo do Roma Pra Você, para quem quer organizar a sua viagem a Roma em plena autonomia. Seja bem-vindo(a) e prazer em conhecê-lo(a)!

4 COMENTÁRIOS

  1. Espetacular! Vamos em setembro e logo depois que li seu relato, entrei no site e já fiz a reserva. Muito obrigado pelas informações. Gratidão.

  2. Meu Deus…. não posso mais entrar aqui, que já quero ir correndo te visitar (ohhh o perigo que você está correndo 😛 )
    Que lugar incrível, mais um para a minha listinha quilométrica.
    =)

    • Vocês deveriam alugar um apartamento e ficar pelo menos uns 15 dias em Roma.
      Tenho certeza que seria uma experiência ótima.
      Beijos

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