Quando fazemos o percurso guiado pelos Museus do Vaticanos, logo no finalzinho, após passar pela Galeria dos Mapas, existe a opção de pular uma pequena parte do percurso, para chegar mais rápido à Capela Sistina.
Não faça isso, porque você vai perder Le Stanze di Raffaello, ou seja, As Salas de Rafael.
Então, aplicando esse princípio, posso dizer que na minha modestíssima opinião, tratando-se de afrescos, as Salas de Rafael preparam o nosso olhar para ver os afrescos da Capela Sistina.
Um pouco de história sobre as Salas de Rafael
As Salas nasceram porque Papa Júlio II não queria utilizar os aposentos outrora pertencentes ao Papa Alessandro VI, hoje conhecidos como Apartamento Borja. Alessandro VI (nome secular: Rodrigo Borja) era pai da famosa Lucrécia Borja. Os Borja eram uma família bem mal-falada e odiada!
Na verdade, antes que Rafael Sanzio e seus discípulos pintassem as salas, as paredes já tinham sido decoradas pelos melhores pintores da época e de épocas precedentes, quais Piero della Francesca, Lorenzo Lotto, Pietro Perugino, entre outros.
Rafael, que nesse período trabalhava entre Florença e as regiões Umbria e Marche, havia feito um enorme sucesso graças a uma pintura em série chamada Pala Baglioni, que estava em Perugia. Quatro pintuas estão expostas em Roma: um na Galleria Borghese, em Roma e três na Pinacoteca Vaticana, a dizer:
- Deposizione Borghese, pintura a óleo em madeira, Galleria Borghese
- Fede, pintura a óleo em madeira, Pinacoteca vaticana
- Carità, pintura a óleo em madeira, Pinacoteca vaticana
- Speranza, pintura a óleo em madeira, Pinacoteca vaticana
As outras partes encontram-se na Galleria Nazionale dell’Umbria, em Perugia.
Sua fama chegou a Roma e, quando Rafael deu uma pequena amostra do seu trabalho, papa Júlio II resolveu mandar cobrir todas as paredes já afrescadas com exclusivamente o trabalho de Rafael.
O trabalho levou 16 anos para ser concluído. Nem o papa e nem Rafael viram os aposentos prontos. Os discípulos de Rafael trabalharam fielmente conforme o seu projeto, já que nenhum grande artista trabalhava sozinho.
As Salas de Rafael
Stanza della Segnatura
A sala foi batizada com o nome do mais importante tribunal da Santa sé: a “Segnatura Gratiae et Iustitiae”, presidido pelo papa e que geralmente se reunia aqui nesse ambiente. Os afrescos celebram as ciências humanas da época: a teologia, a filosofia, a poesia e o Direito.
Segundo o site oficial dos Museus Vaticanos, essa é a sala que contém os afrescos mais preciosos. Leia a descrição em italiano e se quiser faça uma visita virtual à Stanza della Segnatura.
Stanza di Heliodoro
Foi projetada em 1511 quando a Stanza dela Segnatura estava para ser completada. O papa tinha sido expulso de Bolonha e muitos exércitos inimigos procuravam dominar várias partes da península itálica. Por isso o tema principal escolhido para essa sala foi a proteção de Deus sobre a igreja, mostrando momentos milagrosos em que o mal foi vencido e o inimigo foi derrotado.
Heliodoro é um personagem bíblico citado no Livro de Macabeus 3:21-28 e é o símbolo da proteção divina contra os inimigos.
Leia a descrição em italiano, no site dos Museus Vaticanos e se quiser faça uma visita virtual à Stanza di Heliodoro.
Stanza dell’Incendio di Borgo
Nessa sala o tema principal é exaltar a figura do Papa Leão X, contando também a vida de outros dois papas com o mesmo nome Leão III e Leão IV.
Leia a descrição em italiano, no site dos Museus Vaticanos e se quiser faça uma visita virtual à Stanza dell’Incendio di Borgo.
Stanza di Costantino
A sala homenageia Constantino I, o imperador que transformou o Cristianismo em religião oficial do Império Romano. Saiba que a antiga basílica de São Pedro, que hoje encontra-se nos subterrâneos da atual basílica, também é da época do imperador.
O tema principal conta a história do imperador, e exalta a igreja na sua vitória contra o paganismo e os assédios inimigos contra a cidade de Roma.
Leia a descrição em italiano, no site dos Museus Vaticanos e se quiser faça uma visita virtual à Stanza di Costantino.