Passeios Guiados e Roteiros de Viagem

pietà do michelangelo

Quantas são as Pietà de Michelangelo? Conheça Todas Elas!

Geralmente quando falamos de Pietà de Michelangelo, pensamos imediatamente na famosíssima escultura feita pelas mãos do grande gênio entre os anos 1497 e 1499.

À época da escultura da primeira Pietà, Michelangelo era um homem jovem, e ao concluí-la ainda não tinha 25 anos.

Talvez pelo fato de ter sido a sua primeira Pietà e por estar posicionada em uma igreja importante, ou seja, a Basílica de São Pedro, no Vaticano, muitos talvez ignorem a importância das outras duas (ou talvez três) Pietà.

Leia também:

Ou, verdade seja dita: muitas pessoas nem sabem que ele esculpiu mais duas (ou quem sabe três) esculturas com o mesmo tema.

Portanto, além da Pietà Vaticana, existem: a Pietà Bandini e a Pietà di Palestrina, que se encontram em Florença, e a Pietà Rondanini, que está exposta em Milão.

As Vesperbild: o pressuposto iconográfico da Pietà

O tema iconográfico da Pietà é considerado uma novidade absoluta na história da arte. Maria segurando seu filho nos braços não é uma passagem contemplada na Bíbilia, mas o grande mestre nos dá esse momento de reflexão e de piedade.

Piedade de uma mãe que perdeu filho, e a piedade divina para a redenção humana.

Na verdade, talvez passe despercebido para muitos que, apesar de haver uma grande inovação na Pietà de Michelangelo, o tema de Maria que segura o filho nos braços já era retratado e esculpido desde a Idade Média.

Muito provavelmente Michelangelo assimilou e interpretou a Maria da Vesperbild. A Vesperbild, que significa literalmente “a imagem do crepúsculo” era uma estátua religiosa que surgiu no século 14 (se não antes) no Vale do Reno, na Alemanha.

Os escultores alemães começaram a esculpir as Vesperbilder para a oração do crepúsculo da sexta-feira santa. Graças aos evangelhos sabemos que na sexta-feira, o corpo de Cristo foi retirado da cruz, para ser embalsamado e sepultado. Portanto, daí nasce a imaginação que Maria teria segurado Cristo nos braços.

Um cristo magro, esquelético, com o corpo ferido e martoriado. Uma Maria idosa, desesperada, sofredora.

As Velperbilder eram estátuas pequenas, de madeira, barro ou pedra, onde um dos pontos focais era mostrar o corpo destruído de Cristo (quase sempre com sangue a jorrar das costelas) e uma Maria penitente, sofredora, desconsolada.

Apesar de ser uma escultura sacra que fazia muito sucesso na Alemanha, existiam alguns exemplares de Vesperbild circulando pela Itália, sobretudo no Norte do país.

A iconografia das Vesperbilder é muito interessante. Entre 2018 e 2019 foi realizada uma mostra no Castelo Sforzesco, em milão, intitulada Vesperbild: Alle Origine della Pietà de Michelangelo. O catálogo se encontra à venda em livrarias online, inclusive no site da Amazon.

Michelangelo mudará por completo essa iconografia.

Michelangelo: o sentimento pacato da Pietà Vaticana

pietà vaticana

1500 foi o ano do descobrimento do Brasil. Mas também era o ano santo, o ano do jubileu Vaticano.

A Basílica de São Pedro ainda não era a que conhecemos hoje, mas ainda sobrevivia (meio que caindo aos pedaços), a antiga basílica constantiniana inaugurada em 326 d.C.

O cardeal Jean De Bilhères, embaixador pontifício do rei francês Carlos VIII, encomendou a Michelangelo uma escultura importante. Inicialmente ela não foi esculpida para ficar na basílica vaticana, mas na capela de Santa Petronilha. Uma igreja adjacente à antiga basílica de São Pedro, onde o cardeal já tinha mandando construir o seu túmulo.

O acordo entre o cardeal e Michelangelo era que a Pietà ficasse pronta antes de 1500.

A Pietà foi esculpida entre 1497 e 1499. Em 1506, Papa Júlio II colocou a pedra fundamental para a construção da nova basílica de São Pedro. O que sabemos é que a Pietà obteve tanto sucesso, que por volta de 1517 ela não estava mais na igreja de Santa Petronilha (que foi demolida para dar espaço à nova basílica) e foi colocada em uma das capelas da basílica papal.

Na escultura, a mãe de Jesus é representada como uma jovem, talvez adolescente, com um  rosto luminoso e puro.

++ Leia Mais | Viaje Seguro: Pesquise o seu seguro viagem aqui 

unesco em roma
Fachada da Basílica de São Pedro.

Michelangelo acentua o sofrimento pacato e silencioso, porque Maria aceita o destino que o pai celeste havia escolhido para seu filho.

A escultura tem uma composição em forma de pirâmide e o material é o mais puro mármore de Carrara, cidade da Toscana, famosa pelas suas pedreiras de mais puro mármore de alta qualidade.

Apesar de ser uma pedra dura, o artista consegue esculpir de modo elegante e natural o caimento dos tecidos: tanto do vestido de Maria, quanto do sudário que cobre a nudez de Cristo.

++ Passeio Guiado na Capela Sistina: Contrate uma guia brasileira em Roma

Pietà Bandini: a Pietà de Michelangelo na fase madura

A Pietà Bandini faz parte da série de Pietàs idosas, à diferença da Pietà Vaticana, que Michelangelo esculpiu na fase madura da sua vida. Essa Pietà é da década anterior à morte do artista, que faleceu com 89 anos em 1564.

Michelangelo se encontrava em um momento de tormento: sua grande amiga íntima, a nobre poetisa Vittoria Colonna tinha morrido.

Além disso, o artista já havia passado dos 70 anos e também pensava que o fim dos seus dias se aproximava. Por isso começava a pensar na sua própria sepultura, e na necessidade de esculpir uma obra para decorá-lo.

Nessa obra o artista não exprime a beleza dos corpos e nem a serenidade dos personagens.

À diferença da Pietà Vaticana, onde o mármore era de altíssima qualidade, na Pietà Bandini além das imperfeições da pedra, o próprio artista, não se sabe se em uma crise depressiva, ou se não tivesse gostado da qualidade do trabalho, lhe deu várias marteladas, com a tentativa de destrui-la.

A obra agradou a um cliente: o escultor e arquiteto florentino Francesco Bandini, que pensou em colocá-la nas mãos de um seu discípulo para que fosse restaurada.

Após a morte de Michelangelo e também a de Francesco Bandini, o grã-duque da Toscana, Cosimo III dei Medici a comprou e mandou colocar na sepultura dos Médicis, na Basílica de São Lourenço. Após algumas mudanças de lugar, desde 1981, a escultura está exposta do Museu dell’Opera del Duomo, em Florença.

Fato interessante da Pietà Bandini é que além de a figura de Cristo não estar completamente terminada (falta a perna esquerda), seu corpo é retirado da cruz por Maria, Maria Madalena e Nicodemos.

Segundo alguns, o rosto de Nicodemos seria o próprio autorretrato do tormentado Michelangelo.

++ Compre aqui o ingresso para ver a Pietà Bandini no Museu dell’Opera del Duomo

Pietà Rondanini: a obra interrompida pela morte do artista

Segundo as fontes históricas do séc. 16, a Pietà Rondanini é a última obra documentada de Michelangelo.

Ele iniciou a esculpi-la em 1552-1553 e retomou o trabalho em 1555-1556, mas a sua morte o impediu a sua conclusão.

Segundo os historiadores da arte e biógrafos, Giorgi Vasari e Ascânio Condivi, era desde 1550 que o artista estava pensando em esculpir uma obra para o seu próprio túmulo.

A primeira tentativa não obteve sucesso, devido à má qualidade do mármore que apresentou rachaduras. Isso fez com que Michelangelo se irritasse muito e deixasse a primeira obra de lado ou a destruísse.

Nessa Pietà, o escultor renuncia totalmente à perfeição  e leveza (sobretudo se a compararmos à Pietà da sua joventude, a Pietà Vaticana), e Cristo morto cujo corpo faz uma simbiose com o corpo de Maria, é símbolo de completo sofrimento.

O artista morreu em 18 de fevereiro de 1564, deixando essa Pietà inacabada. Ela foi então comprada pelo marquês Rondanini e a obra ficou por muitos anos no Palazzo Rondanini, localizado na Via del Corso, em Roma.

No século 20 ela mudou duas vezes de dono: primeiro, em 1904 foi comprada pelo conde Roberto Vimercati-Sanseverino; desde 1952 ela é de propriedade da Prefeitura de Milão, ficando exposta no Castello Sforzesco, em Milão.

++ Compre aqui o ingresso para ver a Pietà Rondanini no Castelo Sforzesco

Pietà da Palestrina: a Pietà de atribuição incerta

Não existe uma unanimidade quanto a autoria da Pietà da Palestrina. O maior consenso é que Michelangelo tenha somente esboçado muito grosseiramente uma Pietà e que outro escultor tenha continuado a obra.

Seu nome se dá ao fato que ela foi encontrada no século passado na cidade de Palestrina, na província de Roma.

Nesta versão da Pietà de Michelangelo, nota-se uma virgem Maria bem alta, com uma mão gigantesca que segura o corpo morto de Cristo.

Muitos elementos dessa Pietà são parecidos com o da Pietà Bandini. Talvez a diferença que mais nos chame a atenção é que nesse caso, Maria substitiu a figura de Nicodemos.

O que chamou a atenção dos críticos e historiadores a respeito da autenticidade é o fato que as pernas  da escultura são completamente desproporcionais em relação ao tamanho do corpo. Ela está exposta no Museo dell’Accademia, em Florença.

Teria o grande mestre abandonado a proporção e a perfeição, ou a Pietà de Palestrina é um esboço que foi terminado por outro escultor? Ou ainda que algum escultor imitou Michelangelo e a esculpiu por completo?

++ Compre aqui o ingresso para ver a Pietà da Palestrina (e também o Davi do Michelangelo) na Galleria dell’Accademia

Mais dicas de viagem, cultura e história:

Índice

Passeios Guiados em ROMA

EXPLORE ROMA COM PASSEIOS GUIADOS EM PORTUGUÊS!

3 respostas

  1. Nossa, eu só conhecia a Pieta de Michelangelo do Vaticano mesmo, nem sabia dessas outras! Ele era um artista fenomental, mesmo!

  2. Menina, que história essa de que tem mais de uma Pietá do Michelangelo! Eu cresci acreditando que só tinha aquela do Vaticano (que fiquei emocionada ao ver, na verdade). Adorei saber das outras!!

  3. Michelangelo um artista fenomenal, amei ler seu texto. Muito importante e informativo, eu só conhecia a da Basílica de São Pedro.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

error: Content is protected !!