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Cerveteri: Visita à Necrópole Etrusca e ao Museu Etrusco

Muito antes que os romanos dominassem o mundo, uma outra população se insediou na península itálica, deixando um enorme legado artístico e muitos mistérios. Eles eram os etruscos!

Visitar a Necrópole Etrusca de Cerveteri nos ajuda a descobrir um pouco sobre essa civilização.

Assim como as populações pré-colombianas atraem o nosso fascínio pela sua cultura e civilização antiquíssimas, poderíamos compará-los aos etruscos, uma vez que eles antecederam a civilização romana.

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Se é certo que sabemos muito sobre os etruscos, ainda há muitas dúvidas, principalmente sobre a sua origem. Possuíam um idioma, que não era de origem indoeuropeia, e o seu próprio alfabeto.

Se insediaram principalmente no centro da Itália, onde hoje temos os estados da Toscana, Lazio e Umbria, mas também se expandiram para o Norte em direção à Lombardia e a Emilia-Romagna. Para o Sul, chegaram até a Campania.

Há várias afirmações sobre a sua origem: há quem acredite que eles descendiam dos gregos, outros afirmam que era uma população autóctona, e também uma teoria que os etruscos foram um cruzamento de vários povos que passaram pela península itálica como fenícios, sírios, mesopotâmios, etc.

Hoje a tendência é acreditar que cada uma dessas teorias é possível.

Uma escrita etrusca em um vaso.

A verdade é que, se ainda existem muitas interrogações sobre “de onde vieram”, o certo é que tudo aquilo que deixaram nos testemunham quem eram: uma civilização bem desenvolvida e bem organizada em hierarquias, rica, culta.

O que se sabe por certo é que no séc. 8 a.C. ha citações sobre a existência dos etruscos, chamados de “povos ilustres do Tirrênio”, em um poema grego intitulado Teogonia, de autoria de Esiodo.

Os últimos reis de Roma eram de origem etrusca (Tarquinio Prisco, Servio Tullio e Tarquino O Superbo) e nesse período foram construídas grandes obras públicas em Roma, como as muralhas servianas (construídas por Servio Tullio) e os tempos de Júpiter, Juno e Minerva, no Campidoglio.

Aliás, saiba que é possível ver as ruínas do templo de Júpiter no subterrâneo dos Museus Capitolinos.

Muitos consideram que a falta de união entre as várias “tribos” etruscas foi a principal causa da sua assimilação ou conquista por parte de outros povos. Em 90 a.C. durante a Guerra Itálica, foram derrotados pelos romanos, perdendo a sua total autonomia.

Visitar a Necrópole da Banditaccia em Cerveteri

Tendo os etruscos alcançado um alto grau de desenvolvimento, seus rituais fúnebres eram profundamente elaborados. Aqui nessa localidade, que se encontra a 40 quilômetros a noroeste de Roma, começaram a ser construídos as primeiras tumbas no séc IX a.C. e as mais recentes do séc III a.C.

Existem cerca de 400 sepulturas nesse sítio arqueológico, que foi eleito patrimônio da humanidade pela Unesco, e que é a maior necrópole etrusca dentre aquelas existentes na Itália.

Uma das informações mais surpreendentes é que os túmulos não foram construídos, partindo do chão, como fazemos com uma casa ou um edifício qualquer. Eles foram cavados e emoldurados no tufo, ou seja, uma rocha escura de origem vulcânica.

Dicas fundamentais para aproveitar plenamente a sua visita

O sítio arqueológico é super bem conservado, em uma área arborizada. Logo na entrada, nos dão um mapinha (uma xerox), com a numeração à mão dos túmulos mais relevantes. Existe um bar com uma trattoria, e também uma área para piquenique, com mesas ao ar livre.

Sigam essas placas para chegarem ao cinema: a Sala Mengarelli, que também está sinalizada no mapa.

Mas, antes de começar a explorar o local, na minha opinião (neste caso, nada modesta), é fundamental começar a visita pelo “cineminha” assistir a um filme que dura cerca de 16 minutos (metade do filme é em 3D) e logo em seguida ser guiados pelos funcionários do lugar até dois túmulos onde há uma projeção de imagens nas paredes.

Essa projeção é no mesmo estilo (aliás, o narrador é o mesmo) que as visitas noturnas ao Fórum de César e de Augusto, além da visita às Domus romanas do Palazzo Valentini, na Piazza Venezia.

Esse cinema + passeio guiado acontece a cada hora, das 10:30 às 17:30. Todo o percurso _filme e visita com projeção 3D aos túmulos_ dura cerca de 35 minutos.

Uma vez que você tenha compreendido a importância do sítio arqueológico, como e porque os etruscos construíram esses túmulos magníficos, aí, sim, é o momento de explorar livremente o local.

A entrada de uma das tumbas

Assim como os antigos egípcios construíam suas pirâmides para enterrar os mortos com os seus pertences, os etruscos construíram inicialmente pequenas casas redondas, semelhantes a um grande iglu, onde os mortos faziam a sua passagem para o além.

Algumas tumbas estão bem enterradas, então temos que descer muitos degraus para chegar até elas.

Ali se dava o rito fúnebre, com a deposição do corpo dentro uma urna, as oferendas, os objetos pessoais, até que a porta dos túmulos eram muradas com uma pedra na entrada.

O interior de pedra de uma das tumbas maiores

Inicialmente esses túmulos enormes eram construídos pelas famílias mais ricas, mas pouco a pouco as classes sociais mais simples também começaram a construir sepulturas para seus mortos, e daí encontramos túmulos mais simples, ou menores, muitas vezes cavados diretamente no chão.

Infelizmente somente um dos túmulos de Cerveteri chegou até nós com as pinturas em estuque originais, a “Tomba dei Rilievi”, que deve ser vista através de uma parede de vidro. Ela nos ajuda a imaginar como seria a riqueza decorativa dos demais túmulos.

A Tomba dei Relievi é protegida por uma parede de vidro, mas dá para ver super bem a decoração em estuque.

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O Museu Etrusco de Cerveteri

Mas se visitar os túmulos já nos transporta para séculos e séculos no passado, o passeio faz mais sentido se pudermos visitar também o Museu Etrusco de Cerveteri.

Nele se encontra uma parte dos achados de tudo aquilo que estava dentros nas tumbas. Vasos, cerâmicas, jóias de ouro, urnas funerárias.

Os etruscos eram hábeis artesãos que trabalham muito bem o bronze. Prova é a famosa loba capitolina, que se encontra nos museus Capitolinos. A loba é uma arte de manufatura etrusca, enquanto os gêmeos foram adicionados muito tempo depois.

Também fabricavam maravilhosos vasos de cerâmica, de inspiração grega, e para tal existia um grande intercâmbio entre artistas gregos e etruscos. Inicialmente os gregos influenciam os etruscos, mas depois a arte etrusca também influencia a grega.

Há peças de uma beleza única.

Porém, as peças mais raras e importantes estão em grandes museus, como o Museu Etrusco de Villa Giulia, em Roma. Nele se encontra o Sarcófago dos Esposos, o mais importante sárcofago etrusco jamais encontrado.

Curiosidade: peças roubadas devolvidas à Itália pelo MET e Getty Museum

Em 1971, duas peças importantíssimas e antiquíssimas foram roubadas da necrópole de Monte Greppi. Uma delas chegou à Suiça, e dali foi comprada pelo MET de NY. Outra havia sido comprada pelo Getty Museum de Malibu. São elas o Cratere e o Kilyx de Eufronio.

O Cratere fez parte de uma batalha internacional durante mais de quarenta anos. Em 2006 o MET devolveu a peça à Itália, que inicialmente a havia exposto no Museu Etrusco de Villa Giulia, mas desde 2014 ele está em Cerveteri. Sorte semelhante teve o Kilyx, que foi devolvido pelo Getty Museum nos anos 90.

Necropoli della Banditaccia

Via della Necropoli 43/45

Site: http://www.tarquinia-cerveteri.it

Dias e horários: todos os dias, exceto segundas-feiras, 25/12 e 01/01. Das 8:30 ao por-do-sol (o que significa que no inverno fecha às 16h e no verão deve ficar aberto pelo menos até às 19h).

Preço: 8 euros, com o museu custa 10 euros.

Como chegar: Eu fui de carro. O estacionamento é gratuito e fica na frente do portão de entrada.

No site do município de Cerveteri (clique aqui) tem os horários de todas as linhas de ônibus. Uma das opções é ir até Cerveteri de trem e dali pegar uma das linhas que deixa na Necrópole. Para chegar a Cerveteri você deve pegar o trem de Roma com destino Civitavecchia e descer na estação Marina di Cerveteri. Ele sai de Termini e passa nas estações Tiburtina, Ostiense e Trastevere. Aos domingos o ônibus só funciona na parte da manhã, então a opção é chegar lá bem cedo.

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